O vazio na pintura de paisagem chinesa e as heranças da pintura ocidental em perspectiva comparada: diferentes modos de concepção do meio “rural”
Keywords:
Pintura de paisagem chinesa., Rural., História da agricultura.Abstract
O presente artigo tem por objetivo analisar dois projetos estéticos diferentes por meio da concepção de “vazio” e “rural”: a pintura ocidental, cujo legado colonial é incontornável sobre homens e espaço, em especial o rural, e a pintura de paisagem chinesa que, ainda mais longeva que a ocidental, apresenta outro modelo de conceber o espaço. A percepção de que a iconografia está intrinsecamente associada ao meio, atores e forças produtivas de uma sociedade e como essas influenciam decisivamente sobre sua forma é analisada por diversos críticos e sociólogos da Arte, como Theodor Adorno e Pierre Francastel. A justaposição, portanto, de duas realidades aparentemente tão díspares, pode contribuir com a melhor compreensão desses dois fenômenos estéticos que reproduzem o vazio de forma simbólica. Por um lado, tem-se imaginários degradantes e negativos sobre o espaço rural e seus habitantes com finalidades políticas de classe, como mostra a herança dessas concepções na pintura de Lula Cardoso Ayres. Por outro, dota-se de sentido filosófico e espiritual o mesmo espaço ao longo de séculos, ainda que transformando-se ao longo do tempo – como demonstram vários autores, dentre eles François Cheng.