Neste artigo, analisamos como, no anime High Score Girl, o jogo articula a transgressão, no instante em que se opõe à produtividade e à racionalidade, ao criar, por meio do imaginário, ficções que desestabilizam a ordem e se oferecem como prazeres pautados no dispêndio. Em nosso estudo, alinhamos o conceito de mimicry, de Roger Caillois, à maneira como Wolfgang Iser aborda o imaginário e o fictício, determinados pelo ato de fingir, como transgressão e modificação de um mundo preexistente para um inventado. Para mostrarmos as relações entre esses conceitos, utilizamo-nos do anime From new world, que se presta também como contraponto a High Score Girl, no que diz respeito à forma como cada obra lida com a noção de jogo, quando, nele, se insere o imaginário infanto-junvenil em conflito com o ambiente escolar. Assim, com base na leitura de Maurice Blanchot a partir dos textos de Georges Bataille sobre a comunidade e da noção de jogo como atividade sem consequências formulada também por este, direcionamos nossas reflexões sobre como os espaços ficcionais dos jogos de arcade, paradoxalmente permitem um tipo de comunicação fundamentada em indivíduos isolados uns dos outros, para os quais realidade e ficção se mesclam até o momento em que completude e incompletude dissolvem os limites que, simultaneamente, os separam e os unem.