A sociedade chinesa vem reavaliando nas últimas décadas a imagem de sua própria identidade, negociando a herança de sua história única e milenar diante do influxo de novas ideias advindo de seu sucesso econômico e da inserção crescente na comunidade mundial. Após as experiências radicais do maoísmo e a procura pelo “sucesso econômico em primeiro lugar” da era Deng Xiaoping, os chineses hoje vivem um intenso debate acerca de sua identidade no diálogo com sua história e com o peso da tradição confucionista. O presente artigo, através do estudo comparativo de trabalhos produzidos por alguns do principais expoentes da sinologia mundial, traça linhas gerais que possam substanciar o início de uma discussão sobre as representações de identidade nacional e de modernidade entre os chineses na contemporaneidade. Partindo dessa análise, ficou claro a importância de compreender como o renascimento da tradição – com a chamada “terceira onda” do Confucionismo – tem provocado intensos debates entre aqueles que tomam o que aqui chamaremos de uma “abordagem culturalista” da sociedade e da identidade chinesas e seus críticos, que apontam para os riscos de manipulação institucional e os problemas teóricos do discurso culturalista. As soluções desse impasse podem determinar a maneira como será avaliado o reposicionamento da identidade chinesa, a estabilidade social da China e o futuro do seu governo.