O presente trabalho analisa o desenvolvimento do shintō ao longo do século XIX, que culminou em sua utilização de maneira política dentro do período Meiji (1868-1912) até meados da era Shōwa (1926-1989). No que conhecemos como shintō de Estado, a religião, que enaltecia o governo imperial, está a ideia que foi reforçada em diversos momentos por meio da reorganização política do Japão, incluindo o Santuário Meiji, foco da pesquisa. O local foi construído, cuidadosamente, como símbolo da soberania do governo imperial, independente do falecimento do corpo mortal do Imperador Meiji, através de seus elementos estruturais e até mesmo em sua inauguração em 1920. Como fundamentação teórica, foram utilizados os conceitos de tradição inventada de Eric Hobsbawm. Como metodologia de análise, utilizamos as proposições de Marcelo Rede, compreendendo o objeto material em seu contexto social. O Meiji Jingu, em suma, ressignificou um passado idealizado, com propósito de reafirmar uma tradição inventada, legitimar o governo imperial e reforçar uma identidade nacional.