A presente pesquisa analisa como as demandas e as teorias dos movimentos femininos no Japão foram apropriadas pelas quadrinistas do CLAMP entre as décadas de 1970 e 1980, momento em que as organizações femininas do pós-guerra começavam a ganhar força e as mulheres entravam no mercado editorial com mais pujança do que os anos anteriores. O mangá é concebido aqui como fonte primária da investigação, que utiliza como metodologia a proposta de autores como Will Eisner, Sonia B. Luyten, Umberto Eco e Paulo Ramos, que sugerem a possibilidade de compreendê-lo como linguagem visual e escrita passível de desconstrução. Como fundamentação teórica, será utilizado o conceito de apropriação, proposto por Michel de Certeau. Como resultado, compreendemos que, apropriando-se de um repertório político e cultural específico, as artistas da CLAMP ressignificaram esses elementos nas suas obras voltadas ao público masculino, subvertendo padrões de gênero que já estavam estabelecidos nesse nicho editorial.